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ABRANTES - 25 DE NOVEMBRO 1975

Por: José Manuel d’Oliveira Vieira
(Artigo Autor publicado "Jornal de Alferrarede" Nº 265 de Novembro de 2007 - alterado para este blog)

Em Outubro de 1975, um pouco por todo o lado, a palavra “guerra civil” era uma constante entre civis e militares. De Outubro a 25 de Novembro de 1975, muitos foram os acontecimentos que por pouco não degeneraram num conflito de consequências imprevisíveis, opondo famílias contra famílias, militares contra militares, tudo por culpa de uma tremenda desorganização vivida na sociedade portuguesa.
Embora a história sobre o 25 de Novembro centralize os acontecimentos noutros locais que não Abrantes, esta cidade também viveu os dias anteriores e posteriores ao 25 de Novembro com os nervos à flor da pele.
Comissões de soldados, de moradores, trabalhadores, uns mais radicais que outros, todos, davam a sua opinião sobre o que se devia ou não fazer.

Grupos civis politicamente bem referenciados pretendiam controlar militares incentivando-os a aderir à sua causa.

De entre o pouco que é contado e o muito que se sabe acerca de todo este processo revolucionário recordo:
Desta cidade saiu para Monte Real um emissário tentando demover a ocupação da Base. Na tentativa de arrefecer ânimos exaltados pelo extremismo vivido, foi colocado nas caixas do correio e espalhados nas ruas de Abrantes e no Quartel (RIA), um manifesto que denunciava as manobras de falsos revolucionários que pretendiam arrastar para situações de confronto civis e militares.


Na curva do paiol (próximo do hospital), a intercepção de uma viatura civil com militares á civil e armados, foi impedida de prosseguir a sua marcha, evitando-se assim alguma acção menos pensada.
Comandante, Oficiais e Sargentos varriam o Quartel, Presidente da Câmara e Abrantinos varriam as ruas de Abrantes.

Procurar armas numa residência em Abrantes, propriedade dum simpatizante de um dos lados da causa, só não foi executada, por garantir conhecer bem o proprietário e ter a certeza de que além da participação e euforia vivida nos comícios, não possuía qualquer arma ou explosivo em casa.
A quebra de selos dum camião TIR, no Rossio ao Sul do Tejo, pensando que o mesmo transportava armas ou explosivos, só não foi executado porque ninguém desejava ser responsável.
Um canhão sem recuo e sem percutor.
Uma enfermaria com armas debaixo dos colchões.
Um hotel a servir de quartel-general aos revolucionários (burgueses).
A expulsão dos locais ocupados pelos S.U.V. às duas da madrugada.
A Central telefónica e os explosivos.
A vigilância feita ao R.I.A. por civis de binóculos empoleirados nos eucaliptos.
Período conturbado, caracterizado por uma certa anarquia no Governo, Forças Armadas e sociedade, a violência só não teve lugar em Abrantes por ter imperado o bom senso das forças moderadas.
Trinta e dois anos depois do 25 de Novembro de 1975, recordo estas pequenas histórias que podem ser contadas… Um dia, outros intervenientes, poderão relatar outras histórias… outros factos…

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