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HISTÓRIA DA SUB-AGÊNCIA DA LIGA DOS COMBATENTES DA GRANDE GUERRA E DO NÚCLEO DE ABRANTES 1923/2005

José Manuel d'Oliveira Vieira
( Autor Artigos publicados nos "Jornais de Alferrarede" nºs 223 a 230)

INTRODUÇÃO
A falta de respostas às perguntas que fiz sobre quem foram os primeiros presidentes da Sub-Agência da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, a data da implantação em Abrantes e o que se fez, levou a que durante a prestação de serviço na Reserva Activa, no Núcleo de Abrantes, procurasse elementos que respondessem às perguntas então feitas.
Obtidas mais respostas do que as esperadas, este documento inicialmente destinado apenas a consulta pessoal, transformou-se neste pequeno e modesto trabalho que relata a história da Sub-Agência da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, hoje Núcleo da Liga dos Combatentes de Abrantes, desde a sua Fundação (1923) até 1 de Outubro de 2005.
A inexistência de arquivos antigos ou actuais na Sede do Núcleo e Biblioteca local, obrigaram-me a meter mãos à obra, percorrer as freguesias do Concelho de Abrantes, falar com familiares de alguns sócios da antiga L.C.G.G. e a consultar jornais e revistas existentes na época, até ao ano de 1936.
Não será um trabalho perfeito, admito que gere polémicas e diversas interpretações de alguns factos. No entanto, é um trabalho de pesquisa que poderá constituir um documento base para outro de maior vulto ou como elemento de consulta para os que se interessam pela história dos combatentes da I G.G.
Se bem que trate de uma história recente, a mesma requeria alguém com formação sobre o assunto. Não foi o caso. Qualquer investigador profissional teria feito melhor e ido mais longe.
Goradas que foram as tentativas a solicitar a colaboração dos leitores em órgãos locais para a descoberta da dados históricos, relacionados com as figuras dos “Sócios Combatentes da Agremiação e Sede da Sub-Agência da Liga dos Combatentes da Grande Guerra”, apenas o "Jornal de Alferrarede" colaborou. Tive apenas o aconselhamento precioso de Eduardo Campos. Foi ele que após minha solicitação, através da sua carta com data de 24 de Outubro de 2003, sugeriu os locais onde poderia encontrar o que procurava e assim começar esta aventura. À minha última carta de 3 de Novembro de 2003 a solicitar mais uma vez a sua preciosa colaboração, não obtive resposta. Eduardo Campos faleceu em 21 de Novembro de 2003.
Um trabalho de pesquisa é contínuo e nunca terminado.....
Alferrarede 1 de Outubro de 2005
José Manuel d’Oliveira Vieira
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CAPÍTULOS PUBLICADOS NESTA PÁGINA
Capítulo I * Capítulo II * Capítulo III
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Capítulo I
Pelas injustiças feitas aos que na Grande Guerra combateram, especialmente aos mutilados e estropiados e ainda ao desprezo a que eram votados pelos poderes constituídos, os quais não só não tomavam na devida conta, mas até, propositadamente, esqueciam as justas reclamações de muitos, que após haverem cumprido o seu dever, cumprindo com o juramento que antes haviam feito de darem o seu sangue pela pátria, se viam abandonados e na miséria, foi organizada em 1921 pelos senhores João Jaime de Faria Afonso, segundo sargento miliciano licenciado, Horácio de Faria Pereira, segundo tenente da marinha e Joaquim de Figueiredo Ministro, tenente reformado de artilharia de campanha, todos ex-combatentes, uma Comissão Organizadora que levou à fundação da Liga dos Combatentes em 1923.
Assim, a 7 de Setembro de 1923, a Ordem do Exército 1ª Série publica duas leis: a Lei 1464 e a Lei 1467, de muito interesse para os combatentes e para serem difundidas pelo país, de forma a que todos os heróicos soldados mutilados e inválidos que combateram em França e África lhes possa ser fornecido o cartão de identidade para terem direito a reforma do Estado (fig. 1).
Pela primeira vez, a 6 de Abril de 1924, aparece nos órgãos de comunicação local o nome da Sub-Agência de Abrantes e como Secretário o Sr Tenente de Infantaria N.º 2 – ANTÓNIO FALCÃO a fornecer boletins de inscrição e a prestar todos os esclarecimentos aos combatentes, viúvas e órfãos.
Em 1925, a Sub-Agência de Abrantes mandava avisar todos os militares em serviço ou licenciados, de qualquer posto ou patente, que tivessem tomado parte na G.G., em França ou África, para se inscreverem como sócios da L.C.G.G., de forma a ficarem habilitados ou as suas famílias a serem pensionistas e protegidos pela Liga (fig. 2). As inscrições eram feitas em casa do Secretário da Sub-Agência de Abrantes, Sr. José Rijo Rosado Salgueiro.
Funcionando em casa de ex-combatentes ou no R.I.Nº 2, a Sede da Sub-Agência aparece situada na Rua Actor Taborda, no D.R.R. N.º 2 (Distrito de Recrutamento e reserva N.º 2), em parte do antigo Convento da Esperança, a 14 de Abril de 1929 (fig. 3/4).

Toda a documentação que possa ter existido, foi após 25 de Abril de 1974, vandalizada, tendo desaparecido todo o seu acervo.
O único livro existente em Abrantes é de 31 de Janeiro de 1936 e nele consta, no seu termo de abertura, ter sido presidente da Sub-Agência da Liga dos Combatentes da Grande Guerra o Sócio n.º 136, Capitão CARLOS ANTÓNIO CASACA, conforme se pode ver pelas reproduções, deixando de aparecer como membro da Comissão Administrativa em 1941, continuando porém a ser sócio até 1944, ano em que deixou de quotizar (fig. 5/6).

O pouco que se sabe da Sub-Agência da Liga dos Combatentes de Abrantes, é de a mesma ter existido desde 1923, data da sua fundação, até ao mês de Julho de 1973, data em que pela última vez são recebidas quotas de sócios combatentes, expedicionários e extraordinários.
Em 1980, um grupo de sócios combatentes reactiva a Sub-Agência da Liga dos Combatentes de Abrantes. O Oficio N.º 1996 – Pº 16 de 3 de Julho de 1980 da Direcção Central da Liga dos Combatentes, nomeia para a Comissão Administrativa: JAQUIM DE MATOS GUEDELHA - Como Presidente, JOSÉ ANTUNES FERREIRA - Como Secretário, AUGUSTO DE MOURA STOFFEL - Como Tesoureiro e AGUSTO OLIVEIRA TANQUEIRO - Como 1º Vogal (ver bloco fotos 1ª Comissão Administrativa) (Acta n.º 1 do dia 09 de Julho de 1980 – Sub-Agência da L.C. de Abrantes).
A Sede da Sub-Agência da Liga dos Combatentes, passou desde então, a ser na Rua do Arcediago n.º 16, local onde hoje se encontra em edifício cedido gratuitamente pela Câmara Municipal de Abrantes.
Depois de 25 de Abril de 1974, o Núcleo da Liga dos Combatentes de Abrantes teve como presidentes: JOAQUIM DE MATOS GUEDELHA – de 9 de Julho de 1980 a 24 de Junho de 1985, LIBERTO BRANCO – de 25 de Junho de 1985 a 30 de Julho de 1985 e FERNANDO PIEDADE GONÇALVES – de 31 de Julho de 1985 a 21 de Setembro de 2004.
Por motivos relacionados com a gestão do Núcleo, durante o período de 1985 a 2004

(Acta 1/2004), o Exmº Tenente General Joaquim Chito Rodrigues, Presidente Nacional da Liga dos Combatentes, manda instaurar uma Auditoria à Liga. Na sequência da Auditoria, é nomeada a 23 de Setembro de 2004, uma Comissão Administrativa, constituída pelos senhores João Manuel Fonseca Tavares, António José Damas Pereira da Silva, José Manuel d’Oliveira Vieira e José António Oliveira Dias (Oficio 2080 de 14OUT04 da DCLC) (fig. a).

No dia 25 de Janeiro de 2005 no Auditório da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes, pelo Presidente Nacional da Direcção Central da Liga dos Combatentes, Exmº Senhor Ten. General Joaquim Chito Rodrigues foi empossada a nova Direcção do Núcleo da Liga dos Combatentes de Abrantes, para o Triénio 2005/2007. Presidiram à cerimónia o Secretário Geral da L.C. Cor. José Casimiro C P Pinto e o Exmº Senhor Presidente da C.M.A. Dr. Nelson de Carvalho (fig. a 1). Como convidados estiveram presentes: a esposa do Gen. Chito Rodrigues, os Senhores, Dr. Manuel Duarte dos Santos, o Cor Maximino Cardoso Chaves - Provedor do Cidadão, o Ten. Cor Leitão 2º Cmdt do RI2 em representação do Exmº Cmdt, o Oficial da Sec de Operações do RI2 Major Carlos Silva e o Presidente da Junta de Freguesia de S João Senhor Alfredo. Convidados os órgãos de comunicação social do nosso Concelho, estiveram presentes “O Jornal de Alferrarede” e o “Jornal Primeira Linha” que fizeram a cobertura do acto eleitoral.

Pelo Presidente da Direcção Central da Liga do Combatentes, foi oferecido à Câmara Municipal de Abrantes, um quadro com a réplica do Diploma de Sócio de Honra de que a Câmara é desde 20 de Janeiro de 1934, bem como uma medalha comemorando o dia da posse da nova Direcção (fig. b/b1/b2).

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CAPÍTULO II

FUNDAÇÃO DA SUB-AGÊNCIA DA L.C.G.G. DE ABRANTES (29SET1923)

A Sub-Agência da Liga dos Combatentes da Grande Guerra de Abrantes, hoje Núcleo da Liga dos Combatentes de Abrantes, teve como primeiro presidente o Sr. Tiago Dias do Nascimento.
De Tiago Dias do Nascimento, sabe-se ter sido combatente na G.G., sócio n.º 125 da Agremiação de Abrantes da Liga dos Combatentes; Presidente do Montepio Soares Mendes em Dezembro de 1936 e professor no antigo Colégio de Abrantes. No livro de quotas da Liga, do ano de 1939, consta ter falecido em 22 de Fevereiro de 1939.
Aparecendo no Jornal de Abrantes n.º 1236 de 06 de Abril de 1924, pela primeira vez o nome de Sub-Agência e as directivas para comemorar o 9 de Abril serem difundidas pelo Coronel de Artª Nicolau Tolentino Homem Teles, Comandante do Regimento de Artilharia n.º 8 e comandante militar da cidade de Abrantes, tudo levava a crer ter a mesma sido fundada em data anterior. Efectivamente assim foi. A comissão organizadora da futura Liga dos C.G.G., que reuniu pela ultima vez no dia 9 de Outubro de 1923 pelas 21 horas, decidiu entregar nessa data a gerência da Liga a uma Direcção, com estatutos aprovados desde 29 de Setembro de 1923, deixando assim constituídas 14 Agências; 8 Sub-Agências e 53 Delegações. Abrantes encontrava-se nas 8 Sub-Agências constituídas e o Sr. Tiago Dias do Nascimento o seu Presidente (Acta n.º 1 da Liga dos Combatentes da Grande Guerra – páginas 1/2/3/4).

A BANDEIRA DA LIGA DOS COMBATENTES DE ABRANTES
A data de 9 de Abril sempre foi e continuará a ser um dia de grande significado para todos os combatentes e portugueses em geral. O ano de 1932 revestiu-se de um significado especial para a Sub-Agência de Abrantes. As cerimónias deste dia e ano tiveram especial relevância com a entrega do estandarte à Sub-Agência, pelo Sr Capitão Avelar Machado, como representante do comandante militar, cerimónia que foi sublinhada com a apresentação de armas pelas forças presentes.
O estandarte foi confiado ao combatente Sr. António Saco, de Belver, que o conduziu no cortejo ao cemitério. (J.A. 1648 de 17 de Abril 1932)
A história da bandeira dos Combatentes não ficaria completa se não soubéssemos que a mesma foi confeccionada nesta cidade. O “Jornal de Abrantes”, em 17 de Abril de 1932, noticiava assim: “A Bandeira dos Combatentes – Tivemos, há dias, ocasião de apreciar o estandarte da Sub-Agência d’Abrantes da L.C.G.G. e não foi sem grande regozijo que verificámos que o trabalho da Srª D. Guiomar Pombo Fernandes é um trabalho soberbo, dada a mestria e delicadesa que esta senhora pôz no mesmo.
Temos visto vários estandartes e bandeiras bordadas em Lisboa e noutras terras do país, onde a arte feminil está mais adiantada, e, permita-no-lo a modéstia da srª D. Guiomar Pombo pôz na manufactura de todo este trabalho, e, sôbre tudo, nos castelos e quinas do escudo nacional do
referido estandarte, revelam bem a arte e o bom gôsto de que a mesma senhora é dotada.
O facto dêste estandarte ter sido feito Abrantes, muito honra a nossa terra e muito particularmente a srª D. Guiomar Pombo Fernandes.”

Após diligências efectuadas na procura do referido estandarte, foi o mesmo descoberto pelo senhor José António Oliveira Dias, no Museu do Combatente, Sede da Direcção Central. (a foto aqui publicada foi por ele cedida)
Como peça de inestimável valor que é para o Núcleo e para Abrantes, seria interessante expô-lo em permanência na Sede do Núcleo. Não sendo possível (apesar de uma proposta feita nesse sentido), fica a homenagem à D. Guiomar Pombo à C.M.A. e à população de Abrantes por terem contribuído monetariamente para a sua feitura (fig.7).

Ao longo dos seus 81 anos de vida a após 72 anos da entrega do primeiro estandarte, o Núcleo de Abrantes passou a ter um guião uniformizado de acordo com a localidade do Núcleo (fig. 8).

O MONUMENTO AOS MORTOS DA GRANDE GUERRA 1914/1918

O arranque para a construção de um monumento aos mortos deste concelho deu-se em 1925, pela mão de um grupo de sargentos da guarnição da Cidade de Abrantes, que resolveram tomar a iniciativa. Para tal, realizaram festejos nos dias 4, 5 e 6 de Setembro, próximo do Castelo de Abrantes tendo o patrocínio da C.M.A. e de algumas freguesias do concelho (J.A. 1300/1 de 16 e 23 de Agosto de1925).
Pela “Cronologia de Abrantes no SÉCULO XX” de Eduardo Campos, sabe-se que em 20 de Setembro de 1928, um Despacho do ministro da Guerra, coronel Júlio Ernesto de Morais Sarmento, autoriza a Câmara Municipal de Abrantes a erigir um monumento aos mortos da Grande Guerra, não no local onde hoje se encontra, mas sim no Outeiro de S. Pedro, tendo, em 22 de Novembro do mesmo ano, iniciado os trabalhos de limpeza das muralhas do forte de S. Pedro. Para execução do projecto é convidado o arquitecto Francisco Lopes Nogueira.
Em 29 de Maio de 1929, o Jornal de Abrantes publica o anteprojecto do monumento aos mortos da G.G., da autoria dos arquitectos Francisco Nogueira e Ernesto Korrodi e do escultor Rui Roque Gameiro. O monumento a construir no Outeiro de S. Pedro, assentará numa base de 64 m2 e terá 20 metros de altura. A maqueta do projecto é apresentada à C.M.A. a 1 de Dezembro.
A 11 de Novembro de 1930, chegam a Abrantes as figuras do monumento aos mortos da G.G. que são depositadas no quartel dos bombeiros e, posteriormente, no antigo convento da Esperança (D.R.R. n.º 2). Em 23 de Maio de 1939, o Comandante Militar de Abrantes, coronel José Garcia Marques Godinho, entrega à C.M.A. as figuras simbólicas do monumento aos mortos da Grande Guerra. No mesmo ano, a 10 de Julho, a C.M.A. delibera construir (no local onde hoje de encontra) o monumento aos mortos da G.G. na Praça da República, abandonando o projecto da sua construção no Outeiro de S. Pedro. No mesmo dia o ministro interino da Guerra, Dr. António Oliveira Salazar, autoriza a construir no Outeiro de S. Pedro um monumento ao condestável D. Nuno Álvares Pereira, em vez do monumento aos mortos da G.G. O monumento começou a ser construído a 16 de Outubro de 1939 e é inaugurado a 4 de Junho de 1940 (fig. 9/10/ 11).

Para que o Monumento fosse uma realidade, muitas foram as iniciativas que os combatentes e população de Abrantes tomaram. Além das célebres festas levadas a efeito no Jardim do Castelo de Abrantes, bandas civis e militares, todos eles deram o seu contributo. Pelo “Orfeão Pinto Ribeiro” era entoado com muito carinho um “Hino dedicado aos Combatentes da Grande Guerra” da autoria de António José Esteves Graça. Documento de grande significado e valor encontra-se em Abrantes. No Teatro Taborda e da Misericórdia assistia-se com frequência a peças de teatro levadas a efeito pelo “Orfeão Pinto Ribeiro” e outros. Os lucros destes eventos destinavam-se à construção do Monumento aos Mortos da Grande Guerra (ver Figuras a/b/c/d, conjunto de programas autor blogue). NOTA: Foi este texto alterado. Tais alterações deve-se ao facto de passagens do original da História da Liga dos Combatentes da Grande Guerra e do Núcleo da Liga de Abrantes ter sido transcrito para um “Site”, sem que o autor tenha sido citado ou informado. Assim, para que mais uma vez o texto seja original, foram acrescentados mais alguns pormenores apenas conhecidos do autor.

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Capítulo III

MEMORIAIS AOS MORTOS DA G.G. 1914/1918 E ULTRAMAR
No antigo Convento de S Domingos, onde em tempos esteve aquartelado o R.I.2, hoje propriedade da CMA, em lugar nobre (no átrio), encontra-se um memorial aos mortos da Grande Guerra 1914/1918 (fig. 12).

Inaugurados em 1959, o Regimento de Infantaria N.º 2 de Abrantes tem à entrada do Quartel, dois monumentos de evocação a todos os combatentes. À esquerda um memorial aos mortos da G.G. 1914/1918, réplica em bronze do painel de azulejos que se encontra no Convento de S Domingos, decidido preservar pelas entidades militares, aquando da transferência de S Lourênço para o Vale de Roubam.
À direita uma estátua dedicada ao envolvimento que o Regimento teve nas guerras Peninsulares. No mesmo monumento destaca-se o nome de Neuve-Chapelle, pelo envolvimento que o Batalhão do R.I. 2 teve em 1918 em França, ao ocupar as trincheiras no dia 3 de Abril, num golpe de mão às linhas inimigas (fig. 13/14).

MONUMENTO AO DR. AUGUSTO DA SILVA MARTINS NO JARDIM DO CASTELO EM ABRANTES
A única estátua no Concelho de Abrantes que faz referência a um Combatente da Grande Guerra encontra-se no Jardim do Castelo. Foi seu escultor José Simões de Almeida (sobrinho). Inaugurada a 16 de Abril de 1939, pelo Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Eng.º Duarte Pacheco, o monumento retrata o Dr. Augusto da Silva Martins, ilustre e eminente médico cirurgião, campeão internacional de tiro, nascido nesta Cidade no dia 4 de Abril de 1892. Na base da estátua encontra-se uma placa com a seguinte inscrição:
“AO DR ANTÓNIO MARTINS – a – S.T. 2 - “GRUPO PÁTRIA” – (3-9-1893/1943)” (fig. 15/16)

Para muitos um enigma, o “Grupo Pátria” não era mais do que a antiga Sociedade de Tiro n.º 2 de Lisboa, a que pertenceu este ilustre conterrâneo. O antigo “Grupo Pátria”, foi fundado em 1893 e daí nasceu a Sociedade n.º 10 no Clube Internacional de Football. (Ver – pg. 99 IN MEMORIAM Dr. António Martins de 1930/31)
INICIATIVAS
A 9 de Abril e a 11 de Novembro, a população de Abrantes é convidada a assistir às cerimónias em que o R.I. 2, em colaboração com o Núcleo, comemora com honras militares o acto heróico praticado pela Divisão Portuguesa do C.E.P. (Corpo Expedicionário Português) na Batalha de La Lys (1918) e o dia do Armistício, junto ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra (fig. 16 a).

Se hoje em dia as comemorações do dia 9 de Abril são sentidas por toda a comunidade, em 1923 este dia excedia todas as expectativas. Junto do coreto (foto a) então existente na Praça da República (hoje Monumento aos Mortos da Grande Guerra), comparecia todo o povo de Abrantes, as forças da Guarnição perfilavam no sentido do Mosteiro da Batalha e prestavam homenagem aos soldados portugueses que heroicamente morreram.

No Cemitério Municipal de Abrantes, Talhão do Combatente, no dia de Finados, 2 de Novembro, é prestada Homenagem a todos que tombaram pela Pátria. Antes da cerimónia da deposição de flores, pelas forças mais representativas da Cidade, é feita pelo Capelão uma alusão aos militares sepultados nos cemitérios do Concelho. As honras militares são precedidas do toque de silêncio, toque de homenagem aos mortos e toque de alvorada. Este é um dos maiores e mais sentidos eventos a que a população de Abrantes se associa aos militares, desde o fim das hostilidades.
O ano de 2005, fica marcado pelo facto de ter sido instituído o dia 29 de Setembro como o dia do Núcleo. Foi este o dia da sua constituição no ano de 1923, juntamente com mais oito Sub-Agências, na Rua de São Paulo, N.º 26 – 1º Andar em Lisboa, onde foi manuscrita a Acta n.º 1 da L.C.G.G..
A Liga do Combatentes de Abrantes, pela primeira vez desde 29 de Setembro de 1923, data da sua fundação, efectuou, no dia 1 de Outubro de 2005, a comemoração do dia do Núcleo.
Para o efeito, foram convidados, através de cartazes distribuídos a todas as Juntas de Freguesia do Concelho, delegados do Núcleo, comunicação social local e a todos os sócios, viuvas de ex-combatentes e combatentes.
O programa teve o seu inicio com a concentração junto da Igreja do Cemitério de Abrantes pelas 14h30 (fig. 16 b), tendo o Cónego José da Graça, realizado pelas 15h00, uma missa em homenagem a todos os ex-combatentes, já falecidos. Após deposição de uma coroa de flores no Talhão, pelo Exmº Ten. General Joaquim Chito Rodrigues, Presidente da Direcção Central da Liga do Combatente (fig. 16 c), convidados e sócios deslocaram-se para o RI2, onde, pelas 16h00 se realizou a cerimónia de entrega de medalhas aos sócios com 25 anos de entrega à Instituição (fig. 16 d) (fig. 16 e), (fig. 16 f), (fig. 16 g) - fotos “Jornal de Alferrarede”.

Pelo sócio “Benemérito”, “Orfeão de Abrantes”, foi graciosamente cedido, o Grupo Cantares Populares “CANT’ABRANTES”, que animou o evento. Seguiu-se um magnificente jantar.

NATUREZA JURIDICA E TUTELA
1. A Liga dos Combatentes é uma pessoa colectiva de utilidade pública administrativa, sem fins lucrativos, de ideal patriótico e de carácter social, dotada de plena capacidade jurídica para a prossecução dos seus objectivos.
2. A Liga dos Combatentes exerce a sua actividade sob a tutela do Ministério da Defesa Nacional. OBJECTIVOS
1. Constituem objectivos da Liga dos Combatentes:
a) Promover a exaltação do amor à Pátria e a divulgação, em especial entre os jovens, do significado dos símbolos nacionais, bem como a defesa intransigente dos valores morais e históricos de Portugal.
b) Promover o prestigio de Portugal, designadamente através de acções de intercâmbio com associações congéneres estrangeiras.
c) Promover a protecção e auxílio mútuo e a defesa dos legítimos interesses espirituais, morais e materiais dos sócios.
d) Cooperar com os orgãos de soberania e da Administração Pública com vista à realização de medidas de assistência a situações de carência económica dos associados e de recompensa daqueles a quem a Pátria deva distinguir por actos
e) Criar, manter e desenvolver departamentos ou estabelecimentos de ensino, cultura, trabalho e solidariedade social em beneficio geral do País e directo dos seus associados.
2. À Liga dos Combatentes está vedado o exercício ou participação em actividades de carácter político, partidário, sindical ou ideológico.
ACTIVIDADES
A Liga dos Combatentes exerce a sua actividade através dos seus órgãos centrais e núcleos. O Núcleo de Abrantes encontra-se aberto todos os dias úteis das nove às doze e das catorze às dezasseis horas. Apesar de funcionar num espaço exíguo presta os mais diversificados serviços aos sócios, tais como: organiza com frequência excursões destinadas aos associados (fig. 16 h), cede mensalmente as instalações à Assistente Social do I.A.S.F.A. (Instituto de Acção Social das Forças Armadas), para que os pensionistas tratem de assuntos relacionados com os serviços, encaminha os ex-combatentes e informa dos seus direitos sobre o Stress Pós Traumático de Guerra, solicita aos orgãos militares pedidos contagem de tempo de serviço, solicita pedidos de reabertura de processos por acidente em serviço aos ex-combatentes e envia-os aos orgãos competentes. Desde 2002 que vem tratando do apoio, recepção e envio de requerimentos relacionados com a Lei 9/2002, aos ex-militares que prestaram serviço nas ex-provincias ultramarinas de forma a terem direito à contagem de tempo de serviço e à atribuição de um complemento especial ou acréscimo vitalício de pensão. Acresce de que os abrangidos por esta Lei, são todos os ex-combatentes subscritores beneficiários da Segurança Social, Caixa Geral de Aposentações e viuvas, cujos processos são tratados no Núcleo de Abrantes, sejam ou não sócios da Liga dos Combatentes.

O Núcleo da Liga dos Combatentes da Grande Guerra de Abrantes, fundado no ano de 1923, teve como primeira missão a mesma que ainda hoje se mantém. O Tenente António Falcão, do Regimento de Infantaria N.º 2, um dos fundadores dizia assim em 1924: “A caridade é a mais sublime das virtudes humanas. Socorrer os que necessitam é um dever para todos aqueles que sentem.
Porque não havemos todos de trabalhar unificadamente, n’um esforço dedicado, constante, para aliviar a tristeza dos que sofrem? As ideias elevadas e puras baseadas na prática do bem, ainda encontram vibração nas almas que se elevam sobre a maldade e a corrupção.
Habitantes do concelho de Abrantes, é justo não esquecer os denodados obreiros, os heróicos militares que deram o melhor do seu esforço em prol da nossa terra, assegurando a independência deste querido Portugal
”.
Menos conhecidas, mas importantes, são as actividades desportivas levadas a efeito nos Núcleos de Combatentes de todo o País. Em 1987, na cidade Castelo Branco, o primeiro lugar na modalidade de Futebol de Salão, foi conquistado pelo Núcleo de Abrantes (ver fig. taça e fig. 16 i).

Desde 1980, data em que o Núcleo da Liga dos Combatentes de Abrantes, se instalou na Rua do Arcediago, poucos foram os melhoramentos feitos na Sede. Foi necessário haver nova Direcção (triénio 2005/2007) para incluir no Plano de Actividade as prioridades do Núcleo e se estabelecesse um diálogo com a Câmara Municipal de Abrantes (CMA), de forma a serem feitas obras de vulto na Sede, tornando o espaço mais agradável para os associados frequentarem o Núcleo com a dignidade que merecem, não servindo o mesmo, apenas, como local de cobrança de quotas (fig. 17).

As quotizações dos sócios, e subsídios da Direcção Central, são a única fonte de financiamento do Núcleo.
Na sequência das actividades e iniciativas, o Tesoureiro do Núcleo, José Manuel d'Oliveira Vieira (Direcção triénio 2005/2007), propõe fazer uma folha de informação mensal, chamada “A FOLHA DO COMBATENTE”.
Destinada aos sócios, esta "FOLHA", era a forma dos mesmos terem conhecimento da actuação da gerência, servindo ao mesmo tempo de diário, para no final de cada ano a Liga fazer o seu anuário.
Após o pedido de demissão do Tesoureiro dos Corpos Gerentes e autor da "A FOLHA DO COMBATENTE" em 5 de Agosto de 2005, não teve o "Jornal" continuidade. Foram elaborados nove números. (FC n.º 1 e verso)
Não havendo continuidade, tal como no passado, perdeu-se o único meio de fazer a história da actuação do Núcleo da Liga dos Combatentes de Abrantes e das suas gerências.

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