Translate

HISTÓRIA MILITAR DE ABRANTES (II)




Por José Manuel d’Oliveira Vieira
1649/1650/1651: Nos  documentos que possuo em arquivo não encontrei dados militares relativos à Praça de Guerra da então Vila de Abrantes. Se alguém os possuir e quiser completar a História Militar de Abrantes agradeço envio para: jose.vieira.abt@gmail.com
1652
NOVEMBRO 28: O Conselho de Guerra determinou que seria conveniente atribuir ao Castelo de Abrantes alguma infantaria paga que seria a que lhes pudesse caber depois de efetuadas as levas e de haver mais algumas notícias acerca das intenções do inimigo. No mesmo dia, foi determinado ao Conselho de Guerra que propusesse pessoas para assistirem em Abrantes que estivessem à altura dos acontecimentos que podiam surgir.
Dezembro 3: Foi ordenado ao Conselho de Guerra que visse uma consulta inclusa do Desembargador do Paço, acerca da necessidade apresentada pelo Corregedor da Comarca de Tomar, de reparar o Castelo de Abrantes por estar a onze léguas da fronteira.
1703: 
-Para determinar o local conveniente para construir uma ponte ligando a província da Beira ao Alentejo, esteve na Praça de Abrantes o Engenheiro Militar José da Silva Pais,
1704
Março: O desembarque do Arquiduque Carlos em Lisboa, a invasão da fronteira da Beira pelo Marechal de França Duque de Berwick e o seu pretendido avanço sobre Abrantes8.

Duque de Berwich
Agosto 24: Por decreto determina-se que por haver conveniência em obter Abrantes com um Sargento-mor, o Conselho de Guerra devia propor pessoa para esse posto. Por carta particular da rainha regente, depois de regressar do Brasil, Artur de Sá e Meneses foi nomeada Governador da Praça de Abrantes com o posto de sargento-mor de batalha.
Setembro 18: Foi passada patente de ajudante de engenheiro para a praça de Abrantes a Gaspar de Albuquerque, com o soldo de seis mil reis por mês. Foi discípulo da aula de fortificação.
1705
AGOSTO 11: Foi determinado que o Conselho de Guerra passasse os despachos necessários para os almocreves, carreiros e mais pessoas que os substituíssem na condução dos mantimentos para a província, via Abrantes, não fossem obrigados a ser soldados auxiliares enquanto prestassem esse serviço.
1709
-Artur de Sá e Menezes, Governador da Praça de Abrantes que esteve quase sempre doente após o seu regresso do Brasil morreu nos fins de janeiro de 1709. Não casou, mas deixou por universal herdeiro D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses, 3º Marquês de Fontes, que viria a ser o 1º Marquês de Abrantes, titulo criado por carta de D. João V de Portugal de 24 de Junho de 1718.
D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses
1731
-Engeléer, engenheiro militar, elabora uma planta do Castelo com a representação dos baluartes previstos e já construídos.

1731 - Planta Vila Castelo de Abrantes
(Arquivo fotográfico GEAEM)  
1711
Abril/Maio: Em consequência da Guerra da Sucessão de Espanha, dão entrada nas masmorras do Castelo largas dezenas de soldados, na sua maioria espanhóis. Decerto devido às más condições de salubridade, muitos ali faleceram pelos meses de Abril e Maio, e por ali ficaram sepultados (mais de uma centena) 9.
1758
MAIO 8: José António da Silva, Capitão de Ordenanças na freguesia de S. Vicente10.
1760
-Escassez de trigo no Quartel-general da Praça de Abrantes 11.
1762
-Cartografia militar: Esboço corográfico da região entre Abrantes e Estremoz, ao longo da linha de comunicação Abrantes, Bemposta, Ponte de Sor, Benavila, Ervedal, Fronteira e Sousel, para fins militares. Nesta carta, descriminam-se (em alemão indicações de ordem militar a cumprir), os acampamentos militares, postos de observação, etc. 12.  
Nota: Jacob Praetorius Crisóstomo(Praetorius ingenieur) - faleceu em Portugal depois de 1797. Esteve no Corpo de Artilharia, foi professor da escola militar e engenheiro.
Janeiro:General Charles Rainsford (3 February 1728 – 24 May 1809) was a British Army officer. Charles Rainsford, Brigadeiro, acompanhou Tyrawley a Portugal como secretário e ajudante de campo recebendo uma missão secreta para executar logo que o Conde de Lippe chegasse a Abrantes onde os regimentos que fosse possível organizar tinham ordem para se reunir. A missão era seguir para a região fronteiriça para a inspecionar13.
-Do relatório de Charles Rainsford para o Conde de Lippe consta o seguinte: o Castelo de Abrantes […] é uma fortíssima posição e ergue-se altaneiro, dominando a cidade e toda a região em volta. Tem algumas obras de defesa e se for convenientemente fortificado será muito difícil dominá-lo.
Na grande estrada para a Beira Baixa, através do Alentejo, este é o ponto especial de passagem para quem, desejando evitar as montanhas que marginam o Tejo, do lado de Abrantes, segue em “Ferry” por Vila Velha. Este local constitui uma das mais importantes posições de Portugal quer para assegurar a passagem para o Alentejo quer para estar pronta a opor-se a um inimigo vindo de Castelo Branco, por …, Sobreira Formosa, Cortiçada, e Domingos (deve ser S. Domingos).
É possível estabelecer aqui um depósito de abastecimentos para um e outro lado do Tejo.
O Castelo cobre a direita de uma muito forte posição que se estende até Sardoal, e o inimigo não poderá atingir o Zêzere nem que nos obrigue a abandonar esta posição, sobretudo se ocuparem a importante passagem da “Ponte do Cabril”, junto a Pedrogão Grande. Porém, em qualquer hipótese, será sempre possível retirarmos para trás do Zêzere deixando em Abrantes uma guarnição.
Desde que Abrantes esteja na nossa posse, se o inimigo avançar, apenas do lado do Alentejo, será obrigado a conservar um grande corpo do exército na passagem, ou sujeitar-se a cortarem-lhe as comunicações, se avançar do lado sul do Tejo, em direção a Salvaterra.
É por conseguinte indispensável ter Abrantes bem assegurada, assim como o posto da “Nossa Senhora da Conceição”, sobre o Zêzere, visto o inimigo não poder utilizar o Tejo, enquanto estivermos na posse destes dois postos13.

Brigadeiro Charles Rainsford
-O Conde de Lippe dispôs uma base de operações em Abrantes e estabeleceu nesta Praça com o seu Quartel-general, 3 Regimentos ingleses, 1parque de artilharia e depósito central de munições de guerra e víveres14.
ABRIL: Oficial maior da Vedoria do Exército da Província do Alentejo refere a necessidade de haver um hospital na vila de Abrantes para a devida assistência aos soldados feridos11.

Conde de Lippe
Julho: O Conde de Lippe após a sua chegada a Abrantes mandou lançar no Tejo, uma grande ponte feita com barcos da região e muito bem protegida contra a corrente, que depois das chuvas era muito intensa e rápida. Era defendida por uma forte “testa-de-ponte” conservando-se durante toda a campanha13. Mantinha ainda o Conde de Lippe no seu Quartel-general em Abrantes o seu exército de manobra, guarnição e reserva geral15.
Nota: “Testa-de-ponte” (termo militar) = posição adiantada que se tomou ao inimigo e que servirá de ponto de apoio para ataques de maior envergadura.
JULHO 8: Cirurgião John Howel elabora plano para a construção de um hospital para 3.000 enfermos e feridos em Abrantes11.
Julho 22: O Conde de Lippe, estando em Abrantes no seu Quartel-general, mandou seguir para a região fronteiriça o Brigadeiro(a) Rainsford, com uma ordem de reconhecimento da região do Zêzere e Castelo Branco, avançar até Salvaterra e estudar as posições favoráveis, ir até Penamacor e Valverde, deixar em Salvaterra um posto de 130 homens levados de Castelo Branco, com ordem para fazer incursões e informar de qualquer movimentos de tropas inimigas o Quartel-general em Abrantes, informações dirigidas ao Conde de Lippe13.
(a) Nesta data seria Coronel e não Brigadeiro.
Julho 22: O Coronel Rainsford descreve a sua marcha de Abrantes à fronteira15.
AGOSTO 7: Ordem de Batalha para o corpo do Exército de Sua Majestade Fidelíssima acampado junto de Abrantes11.
Agosto 24: O General Burgoyne atravessou o Tejo perto de Abrantes com o seu Regimento de Dragões com 12 Companhias de Granadeiros portugueses e 6 de Granadeiros ingleses, atingindo Niza no dia 28 e entrando em Valência de Alcântara14.

General John Burgoyne
OUTUBRO 7: De Abrantes o conde de Shaumbourg-Lippe pede a Alexandre Palhares a informações sobre as operações do inimigo11.
OUTUBRO 11: João Mendes Sachetti Barbosa, físico-mor do Exército, informa D. Luís da Cunha, sobre as dificuldades do serviço de saúde em Abrantes11.
OUTUBRO 17: Capitão Engenheiro Hetschkopt refere-se aos trabalhos militares, particularmente sobre a parte de Abrantes, com pormenores sobre a localidade11.
1763
JUNHO: Com a extinção do Regimento Suíço é criado o “Regimento dos Voluntários Reais Estrangeiros, em Abrantes”. Em anexo à gravura dos Reaes Estrageiros em Abrantes encontra-se a “relação dos panos precisos para fardar o regimento de 2 em 2 anos e anualmente de 6 em 6 meses”.
-Para tornar permanente o seu estabelecimento, formatura, subsistência e disciplina, o Rei assina o Alvará que regulamenta o número de elementos e soldos (17/19 Setembro de 1763). (AHM/DIV/4//1/17/29)
Extinção Regimento Suiço e criação
 Regimento Estrangeiro em Abrantes
(DIV-1-08-5-33-1/2/3/4/5)
"Regimento dos Reaes Estrangeiros em Abrantes”
(Biblioteca Nacional de Espanha)
Relação de panos para se fardar
o Real Regimento Estrangeiros em Abrantes
(Biblioteca Nacional de Espanha)
SETEMBRO 8: Francisco Pereira Betencourt, Álvaro Soares de Castro e Sousa, Domingos Nunes Bandeira, Manuel de Mourel Veloso e Manuel Cardoso, comunicam ao conde de Lippe os atos praticados pelos soldados que permanecem na praça de Abrantes11.
1764
MAIO 24: Diogo de Ataíde e Castro, Capitão-mor de Ordenanças, que vagou por morte de Rodrigo de Castro de Sousa Freire10.
1767
-Ocorrem no Regimento de Abrantes deserções em massa devido a maus tratos e à violência do coronel Duarte Smith11.
1768
MARÇO/JUNHO: Correspondência entre o marquês de Alvito, marechal dos Exércitos e Francisco Xavier de Vasconcelos Barba, juiz de fora e presidente da Câmara de Abrantes, sobre o despejo das casas de duas ruas para instalação do Regimento dos Voluntários Reais11.
-Regimento de Cavalaria dos Voluntários Reais até 1770.
AGOSTO 1: Álvaro Soares de Castro e Ataíde, Sargento-mor de Ordenanças, que vagou por morte de Luís Francisco Soares de Mendanha10.
1770
MAIO 7: Manuel José Grandio, Capitão de Ordenanças dos lugares de Souto, Aldeia do Mato e Martinchel, termo de Abrantes, que vagou por morte de Manuel Lopes Castanho10.
MAIO 10: João Mendes Padilha de Azevedo, Capitão de Ordenanças dos lugares de Rio de Moinhos, Amoreira e Montalvo, termo de Abrantes, que vagou por morte de Francisco Pereira Cabral de Mosqueira10.
1775
JUNHO 1: Joaquim António da Silva Veloso, Capitão de Ordenanças das Freguesias de Pego, Alvega, São Facundo e Bemposta, do termo de Abrantes, que vagou por morte de Manuel da Fonseca da Mota10.
1780
-Regimento de Cavalaria de Moura.
1781
JUNHO 30: Vicente Delgado Xavier, Capitão de Ordenanças da Freguesia de S. João, que vagou por morte de Francisco Nunes Ribeiro10.
1787
MARÇO 27: Álvaro Soares de Castro e Ataíde, Capitão-mor de Ordenanças, que vagou por morte de seu pai Diogo de Coutinho de Ataíde e Castro10.
JUNHO 21: Vicente Rodrigues Soares, Capitão de Ordenanças dos lugares de Souto, Aldeia do Mato e Martinchel, do termo de Abrantes, que vagou por morte de Manuel José Grandio10.
8Vid. História do Exército Português do General Ferreira Martins, página 175.
9 Prof. Dr. Joaquim Candeias da Silva.
10Nuno Gonçalo Pereira Borrego – Ordenanças e Milícias de Portugal.
11AHM:DIV/1/06/25/05-DIV/1/06/03/41-DIV/4/1/11/18-DIV/1/06/42/39(contém este arquivo a versão francesa do mesmo documento)-DIV/1/06/42/24 (documento em francês)-DIV/1 / 7 / 2 / 20-DIV/4/1/20/2-DIV/1 / 8 / 7 / 24-DIV/1/06/16/04- Lisboa 22 Março/Abrantes 25 Junho DIV/1/06/28/45.
12CA 193 - Catálogo de Cartas Antigas - www.igeo.pt.
13Boletim do Arquivo Histórico Militar, 22º vol. – 1952.
14Boletim do Arquivo Histórico Militar, 20º vol. 1950.
15Vid. História do Exército Português do General Ferreira Martins - 22 vol. – 1952, págs. a fls. 182, e seguintes.
Imagens:
-D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses em BND.
-1731 - Planta Vila Castelo de Abrantes do Engenheiro Engeléer – Arquivo fotográfico GEAEM.