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BOAS FESTAS


HISTÓRIA MILITAR DE ABRANTES (XI)

Por José Manuel d’Oliveira Vieira
 “Da “Conspiração de 1817 à Revolução de 1820” 
Por Punhete/Abrantes passaram alguns conspiradores, sendo esta Praça o canal de correspondência dos mesmos.
Transferências, promoções, tratamentos e demissões por moléstia, tudo consequências da Guerra Peninsular, desconfiança nas instituições, conspirações, delações e traições de militares “Maçons”, de tudo um pouco passa por Abrantes até ao ano de 1820.
1817
-Não sendo inédita, esta “Planta” da Praça e Povoação de Abrantes - Capitães do Real Corpo de Engenheiros, João Damasceno da Cunha Machado Pinto e Segundo Ten. José António de Abreu é, pelas suas legendas, para os interessados na matéria um precioso auxiliar para localizar os pontos mais interessantes que se encontravam nesta “praça de Guerra”. Nela é possível ver as obras militares que aqui decorriam, nomeadamente nas baterias inferiores e superiores do Castelo, quintais, Convento da Esperança (mais conhecido por Teatro Taborda), Adro Velho (que tudo indica ter sido um cemitério contiguo à Igreja de S. Vicente), Santa Iria/Comunicação/Stº António/S. Francisco (hotel de Abrantes/Edifício Pirâmide/Largo Stº António), Vale de Judeu (edifícios torre), Frente de Fornos (edifício Tribunal/Turismo), obras altas e baixas do Convento de S. Domingos (Biblioteca Municipal António Botto) e Stº André (CAT-Centro Atendimento Toxicodependentes, na Rua da Barca, uma das portas de entrada de Abrantes).
Praça e Povoação de Abrantes/54-1-1-1 
-Uma outra Planta (inédita), da Praça de Abrantes de 1817, com boa resolução - localização e nomes de redutos militares existentes em redor de Abrantes (alguns desconhecidos), de todas as capelas e igrejas existentes na Vila, será, logo que oportuno, publicado num outro trabalho destinado à defesa militar desta Praça.
JANEIRO 15: Projecto para os armazéns gerais e das companhias do Regimento de Infantaria nº 20 de guarnição da Praça de Abrantes (ver legenda planta) - Raimundo José da Silva Peres de Milão 1º Tenente Engenheiro. 
Castelo de Abrantes - Planta dos armazéns e companhias do Regimento de Infantaria nº 20/ 414-1-1-1 
JANEIRO 27: Proposta Nº 1433 dos Governadores do Reino para distribuição das prezas de guerra feitas ao Inimigo pelas Tropas do Exército de Terra de S.A.R. é aprovada por sua Majestade El-Rei
Tabela para distribuição presas de guerra
FEVEREIRO a DEZEMBRO: Governador da Praça de Abrantes Conde de Rezende manda que Comandante do Regimento de Infantaria Nº 20 remeta aos “Corpos” de origem, dezenas de militares que cumpriram as sentenças no Presídio Militar de Abrantes
FEVEREIRO 4: Manuel José de Almeida Beja “solicita lhe sejão isentas as cazas que prefere na Villa de Abrantes onde rezide, e que lhe forão designadas pela Repartição de Obras Militares para servirem no Hospital Regimental".
Referência ao requerimento de “Manuel José Almeida Beja”
MARÇO 18: Raimundo José da Silva Peres de Milão, Tenente do Real Corpo de Engenheiros, não aceita em prejuízo das obras militares do Convento de Santo António que o Juiz de Fora de Abrantes João Delgado Xavier* desvie o carpinteiro João Ferreira para edificar um lagar de azeite com água do Zêzere no sítio de Pomares.
*No dia 5 de Abril, João Delgado Xavier justifica ao Visconde de Juromenha, secretário militar a sua actuação no caso das obras. 
ABRIL 1: Tenente José Andrade Corvo de Camões* tem como exercício Ajudante de Ordens do Governador da Praça de Abrantes Marechal de Campo D. Luis Inocêncio Benedito de Castro, 3º Conde Rezende.
*José Andrade Corvo Camões Maçon da Loja “Virtude", Pedro Pinto de Moraes Sarmento Maçon da Loja “Philantropia” e João de Sequeira Ferreira Alves foram os três traidores que denunciaram a “Conspiração Liberal de 1817” contra o Marechal Beresford e que levou à morte no patíbulo o General Gomes Freire de Andrade, 5º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano entre 1816 e 1817.
ABRIL 19: No Comando do Regimento de Infantaria Nº 20 em Abrantes Coronel João Prior. 
ABRIL 23: Henrique de Mesquita Sarmento, Tenente Coronel do 4º Batalhão de Caçadores, aquartelado na Vila de Penamacor, não permite que os soldados do seu comando removam os utensílios do extinto Hospital de Penamacor, para o Hospital da Divisão de Abrantes.
JULHO 7/AGOSTO: Capitão-mor de Abrantes, João Marques Ferreira é responsável pelo Recrutamento Militar dos naturais de Abrantes, Amoreira, Punhete, Tramagal, Bemposta para servirem no Exército nesta Província.
AGOSTO 12: D. Luís Inocêncio Benedito de Castro, 3º Conde Rezende, Marechal de Campo, Governador da Praça de Abrantes, com licença da Junta de Cirurgiões Militares para tratar de moléstia por 50 dias fazendo uso da água das Caldas da Rainha.
OUTUBRO 1/31: Sentenciados do Presidio Militar do Castelo de Abrantes que se encontram a trabalhar nas obras dos quartéis da Praça, presidio e construção da muralha:
-6 pedreiros
-4 carpinteiros
-2 ferreiros
-58 serventes. 
Nas obras do trem:
-2 ferreiros
-2 serventes. 
Em condições de ajudar as guardas da guarnição, hospital regimental e presidio:
-10 juízes e rancheiros.
Empregados no presidio: 
-6. 
No presidio por se acharem incapazes do serviço:
-3. 
No último dia de Outubro existiam 95 sentenciados. Além dos sentenciados existentes, no mesmo mapa é possível ver os militares que entrarão (28) nas prisões militares de Abrantes bem como os que sairão (6) durante o mês de Outubro.
Presos que entrarão e sairão do “Presidio de Abrantes” no mês de Outubro
OUTUBRO 15 a DEZEMBRO 11: Do “Prezidio Militar de Abrantes”, João Prior Comandante do Regimento de Infantaria Nº 20* remete sob escolta aos “Corpos” de origem dezenas de militares que cumpriram as sentenças nesta Praça.
*Todos os documentos à data de 11 de Dezembro (1817), são assinados por João Prior como Comandante do Regimento de Infantaria Nº 20 e Governador Interino da Praça de Abrantes e continuam até 6 de Maio de 1820.
NOVEMBRO 1: Pedro Paulo de Carvalho, Ajudante da Praça e Comandante do Presídio de Abrantes.
NOVEMBRO 28: Promovido a Capitão com o exercício que actualmente tem, o Tenente José de Andrade Corvo*, Ajudante de Ordens do Senhor Marechal de Campo Conde de Rezende. 
*José Andrade Corvo Camões, Maçon da Loja “Virtude, um dos três traidores que fizeram parte da “Conspiração de 1817” e que a denunciaram em carta anónima levando à morte no patíbulo no Forte São Julião da Barra no dia 18 de Outubro o General Gomes Freire de Andrade, 5º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano entre 1816 e 1817.
DEZEMBRO 7: Durante os trabalhos de fortificação da “Praça”, fugiu o sentenciado, Soldado Manuel Gonçalves. Durante a fuga feriu a sentinela. Preso a 9, aguarda no mesmo presídio para ser presente a Conselho de Guerra (ver sentença 24 MARÇO 1818). 
1818
JANEIRO a OUTUBRO: Após o cumprimento das sentenças a que foram condenados no Presidio de Abrantes, Governador da Praça Conde de Rezende manda apresentar nos “Corpos” de origem dezenas de militares do Batalhão de Caçadores Nº 9, Caçadores Nº 7, Caçadores Nº 4, Infantaria Nº 11, Infantaria Nº 24, Infantaria Nº 23, Caçadores Nº 8, Cavalaria Nº 6 e 12. 
FEVEREIRO 18: São remetidos do Arsenal Real das Obras Publicas para o Presidio da Praça de Abrantes, por terem sido sentenciados a trabalhos públicos: 13 militares de Cavalaria Nº 6, 7 de Cavalaria Nº 9, 1 de Caçadores Nº 10 e 1 de Infantaria Nº 11.
MARÇO 7: João Marques Ferreira Annes, Capitão-mor com Quartel em Montalvo, por ordem do Marquês de Campo Maior, manda prender o Soldado Desertor António Vicente, natural de Abrançalha, sítio de Abrantes e entregar ao Governador da Praça de Abrantes. 
MARÇO 24: Pelo crime de ferimento em sentinela e fuga do presídio Militar de Abrantes, o Soldado Manuel Gonçalves é condenado em degredo perpetuo para toda a vida para hum dos Prezidios de Angola; pena de morte se voltar a este Reino. – Está conforme o original – João Grosmit, Sargento da Praça de AbrantesO conselho de Guerra teve lugar no dia 11 de Fevereiro em Abrantes. 
ABRIL 15: D. Luiz, Conde de Resende e Governador de Abrantes, obtém informações de que um Soldado Desertor do Regimento de Milícias de Guimarães, que há quatro para cinco anos saiu da sua terra em companhia de lagareiros se encontra a trabalhar nos lagares de D. Elena, do lugar de Alvega, e depois assoldadou-se para criado da sua carruagem, o armamento ficoulhe em casa de seu pai…
MAIO 1/MAIO 2/AGOSTO 21: Devido à fuga de presos sentenciados a trabalhos forçados nas obras de fortificação da Praça de Abrantes, Conde de Resende, Governador da Praça determina que a partida dos presos se faça de dez a vinte ou mais parelhas com guardas proporcionadas a homens “agrilheados”.
JUNHO 19: Praça de Abrantes passa a ter uma “Junta Militar de Saúde” .
JULHO 27: Por determinação do Comandante Interino do Exército, Francisco de Paula Leite, o Major António Pereira de Morais, Comandante Interino do Regimento de Infantaria Nº 20 envia a Manuel Brito de Mouzinho o nome e postos de todos os militares que estiveram na Batalha da Vitória.
OUTUBRO 8 a DEZEMBRO 28: Por ordem do Governador da Praça de Abrantes, Conde de Rezende, o Ajudante de Ordens José Andrade Corvo de Camões, manda recolher aos “Corpos” de origem os militares que cumpriram as sentenças nesta Praça.
OUTUBRO 31: Militares curados no Hospital Regimental de Infantaria Nº 20 regressam aos seus “Corpos” de origem.
1819
JANEIRO 8 a MAR 11: Do “Prezidio de Abrantes”, por ordem do Governador da Praça, Conde de Rezende, continuam a sair para os seus “Corpos” de origem militares que cumpriram sentenças nesta Praça.
JANEIRO 13/MARÇO 1: Francisco Pereira - preso em 28 de Agosto de 1817 data posterior à do Real Indulto, José Rodrigues - desertor em tempo de guerra e Martinho Afonso - cumprindo dois anos de trabalhos públicos nas obras da Praça de Abrantes que fugiu em 23 de Fevereiro de 1818 e foi preso em Lamego com o nome falso de Manuel José, todos sentenciados no presídio de Abrantes, suplicam o Regio Indulto, por não terem sido comprehendidos pela Graça Real de Sua Majestade de 19 de Agosto de 1817.
MARÇO 27: Por terminada a sentença a que foi condenado a trabalhos na “Fortificação desta Praça”, regressa ao Regimento de Cavalaria Nº 10 o Soldado Francisco Manuel.
ABRIL 1 a SETEMBRO 27: Continua a diminuir significativamente a população prisional militar em Abrantes. Por terem terminado a penas a que foram sentenciados, acompanhados por “anspeçadas”*, cabos de esquadra ou sargentos, dezenas de militares regressam aos corpos de origem.
*Anspeçada: primeiro posto militar acima de soldado.
MAIO 31: João Delgado Xavier, Juiz de Fora de Abrantes, informa o Comandante do Regimento de Cavalaria Nº 10 existir em “Juízo” três processos contra o réu João Vicente Antunes, natural do Lugar de Carreira do Mato, residente em Lugar do Souto ou Abrançalha e que assentou praça no R.C. Nº 10 para escapar à prisão.
JUNHO 15: Aquartelados na Praça de Abrantes – Destacamento de Artilharia Nº 1, Destacamento de Cavalaria Nº 1, um Regimento de Tropa de Linha e duas Companhias de Veteranos. 
Nota: Ver - OUTUBRO 1 (Planta - Alojamentos para Artilharia e Cavalaria). 
JULHO 3: Medição das obras de pedreiro das “fortificacoens da Praça de Abrantes”
 
OUTUBRO 1: Planta Quartel do Regimento Infantaria Nº 20 Praça Abrantes do Capitão Engenheiro Raimundo J. S. P. Milão:
Castelo de Abrantes - Quartel do Regimento de Infantaria nº 20/413-1-1-1
Castelo de Abrantes - Antigo Quartel Infantaria Nº 20 aqui, como como Quartel de Artilharia
NOVEMBRO 7/8: Para cumprirem sentença de trabalhos públicos, militares desertores condenados em conselho de guerra são enviados à “Praça de Abrantes”. 
1820 
JANEIRO 12:Capitão Engenheiro Raimundo José da Silva Peres Milão, faz projecto das “tarimbas”* para o pavimento superior do Quartel do Regimento de Infantaria Nº 20, aquartelado na Praça de Abrantes. 
*Tarimba é um estrado de madeira, plano e duro, onde dormem os soldados nos quartéis e postos de guarda. Considerada cama rude, dura e desconfortável, o nome é também usado para designar a vida de caserna ou vida de soldado. Neste contexto, no sentido honroso da palavra, significa profissional das armas com larga experiência ou grande prática.
Abrantes - "Tarimba" R. I. Nº 20/415-1-1-1
JANEIRO 21 a DEZEMBRO 5: Dadas por fim as penas a que foram sentenciados, saem das prisões militares de Abrantes um significativo número de militares, que escoltados, regressam às unidades de origem*.
*A repetição dos sentenciados que regressam às suas unidades de origem tem por finalidade saber quão grande era a população prisional existente no “Presidio” da Praça de Abrantes, nos anos antecedentes e a seguir à Guerra Peninsular.
Nota: Durante o Governo do Marechal de Campo D. Luis, 3º Conde de Rezende (17 Dezembro 1815/31 de Março 1820), devido às ausências do Conde ou por impedimentos do mesmo, foram Governadores Interinos da Praça de Abrantes: Coronel João Prior, Tenente Coronel José Pinto da Cunha Savedra, ambos pertencentes ao Regimento de Infanatria Nº 20 e Tenente Coronel Inácio Aires da Costa.
FEVEREIRO 19: Comandante do Regimento de Infantaria Nº 20, manifesta desagrado a D. Miguel Pereira Forjaz por haver apenas 6 Regulamentos Militares, quando devia haver mais 30, um por cada oficial. 
MARÇO 28: Ajudante da Praça de Abrantes Capitão Graduado de Artilharia Nº 2, José Pereira da Cunha.
MARÇO 31: Governador da Praça de Abrantes, Marechal de Campo, D. Luiz Inocêncio Benedito de Castro, 3º Conde de Resende*, desonerado do Comando imediato da Praça, passa a comandar a 4º Brigada de Infantaria.
Nota: Conde Rezende foi nomeado Governador da Praça de Abrantes por Despacho de 17 de Dezembro de 1815. Na mesma data, para a Praça de Elvas foi o Marechal de Campo João Lobo Brandão de Almeida ..
*D. Luís Inocêncio Benedito de Castro (1777-1824). Oficial do exército. Maçon. Guerra peninsular. Governador de armas da Estremadura, adere ao movimento revolucionário de Lisboa de 15 de Setembro de 1820. Membro da Junta Provisional Preparatória das Cortes, criada em 27 de Outubro de 1820. 
Governador da Praça de Abrantes
 D. Luis Inocêncio Benedito de Castro 3º Conde de Resende
JULHO 22: Abrantes - Sobre o hábito de se enterrarem os cadáveres nas igrejas, o juiz de fora de Abrantes, Joaquim José de Morais, querendo executar a lei ordenada por sua Majestade e também pelo clamor do povo devido ao mau cheiro que emanam as Igrejas, projecta estabelecer em distância conveniente, acordada pelos facultativos, um cemitério geral*, que deverá recolher não só os cadáveres dos falecidos habitantes desta grande Villa, mas também os do Regimento Nº 20 da sua Guarnição e os dos mais Corpos do Exército que por aqui transitam…em manifesta utilidade dos Militares, e de ter aqui um Presidio de Sentenciados e Obras Públicas; eu imploro a V. Magestade e Graça de determinar que pella Repartição das Obras Publicas Militares, se desse ordem ao Comandante do referido Presidio, para que, sejão empregados alguns daquelles presos, que, com utensílios, ferramentas necessárias prestem a ajuda, e trabalho, de que forem (!) em auxilio dos habitantes…
*Naquele que viria a ser o Cemitério dos Cabacinhos.
AGOSTO 21: Capitão Raimundo José da Silva Peres de Milão julga de toda a justiça e mesmo de toda a necessidade, de conceder ao Juiz de Fora de Abrantes o auxílio que pede de alguns presos sentenciados e ferramentas que sem prejuízo das obras de fortificação da Praça se podem empregar na obra do Cemitério.
Relação dos Presos Sentenciados do Presidio da Praça de Abrantes, ferramentas, utensílios, que se poderão empregar na construção de um cemitério geral, para esta mesma Praça:
-40 presos sentenciados11.
-10 enxadas.
-12 picaretas.
-6 pás de ferro
-12 padiolas.
AGOSTO 27: Narração dos acontecimentos na Praça de Abrantes desde 27 de Agosto até 3 de Setembro e do que aconteceu até 15 de Setembro ao Comandante Interino da Praça de Abrantes, Tenente Coronel do Regimento de Infantaria Nº 20, José Pinto da Cunha Saavedra, escrita e assinada pelo próprio no dia 4 de Outubro de 1820: “Na noite de 27 de Agosto às 10h00 entrou o Capp (Mor!) Praça no meu Quartel entregou-me logo a Proclamação da Junta do Supremo Governo do Reino com hum officio do Secretario da mesma, ordens novas pª qe emediatamte se publicasse, e se reconhecesse o novo Governo, ajuntando q. preça com q. marchava não dra tempo atrazar mais ordens, q. no dia seguinte ou depois me serão mandadas. Vendo eu qe a Salvação da Pátria não admitia demora alguma emediatamte convoquei toda a oficialidade do Regimento Nº 20 da Praça que interinamente comandava no meu Quartel li a Proclamação disse o que pude a favor do novo Governo… e tendo convencida a oficialidade emediatamte se reconheceu o novo Governo, e formando o Regimento ao romper do dia com mil vivas repetidas no Rocio e na Praça (hoje Praça da Republica) se prestou fidelidade Governo Supremo. Os habitantes mostraram igual prazer… (ver SETEMBRO 15)
Nota: A “Revolução do Porto teve lugar no dia 24 de Agosto de 1820. A “proclamação da Junta do Supremo Governo do Reino” chega a Abrantes no dia 27 de Agosto, início da insurreição militar na Praça de Abrantes.
A “Narração” dos acontecimentos em Abrantes com 9 folhas manuscritas sob a forma de relatórios revela-nos antes de tudo: a revolta do exército e adesão da população à causa liberal, uma história de poder e traições perpetrada na Praça de Abrantes.
Se desejar obter cópia da carta original (PDF) solicitem para o e-mail: jose.vieira.abt@gmail.com
AGOSTO 30/31: Nesta data, Doutor Juiz de Fora da Vila de Abrantes - Joaquim José de Morais (e não Moura conforme consta em documentos publicados à época), Juízes Ordinários da Vila de Punhete - Francisco Ignacio dos Santos Cruz, Jacinto Sousa Falcão e Governador de Elvas Tenente General João Lobo Brandão de Almeida é comunicado em ofício ao Intendente Geral da Policia os acontecimentos perpetrados pelo Tenente Coronel José Pinto Saavedra, Comandante Regimento de Infantaria Nº 20 de Abrantes e Governador Interino da Praça (ver SETEMBRO 2)
AGOSTO 31:Por ordem do Tenente Coronel José Pinto Saavedra, Comandante do R.I. Nº 20 e Governador Interino de Abrantes, Juiz Ordinário da Vila do Sardoal é intimidado a afixar a “Proclamação da Junta do Governo Supremo Interino do Porto”. Chamada a Camara, Nobreza e Povo o Juiz Francisco Xavier d’Almeida Pimenta, lembra a obrigação de permanecer “firmes nos nossos juramentos e fidelidade á Religião, ao Nosso Augusto Soberano, e á Patria… 
SETEMBRO 2: De Torres Novas pelas onze da manhã, parte em direcção à Praça de Abrantes o General Champalimaud, o Tenente Coronel Aaddok e o Capitão Ricardo, em consequência de ter chegado a Thomar o Capitão do Regimento de Infantaria D. João dando-lhe parte de ter desemparado o Comando do Corpo, e da Praça o Tenente Coronel José Pinto Saavedra, e que por consequência o Corpo estava em huma grande condusão…
SETEMBRO 2: Os mesmos juízes e João Lobo Brandão Governador de Elvas (AGOSTO 30/31) que comunicaram a insurreição e actos praticados no R.I. Nº 20, apressam-se a jurar “fidelidade á Religião, ao Nosso Augusto Soberano, e á Pátria”:
“Á Intendência Geral da Policia
Illustrissimo Senhor: - Depois do meu Officio de 30 do passado, em que participei a V. Sª os acontecimentos, que havião tido lugar nesta Villa até áquela data, depois della tinha o Governador da Praça feito todas as disposições para se retirar della com o Regimento, e tanto, que requisitou cincoenta cavalgaduras maiores, para estarem prontas hoje por noute. Aconteceo porém ter observado descontentamento em alguns Officiaes, e sendo em consequência convocados todos os da Guarnição, determinarão, e manifestarão o seu arrependimento pela causa que havião tomado, e ás nove horas de hoje, reunido o Regimento em parada, no meio de aclamações, e vivas a Erei Nosso Senhor, foi lida a Proclamação dos Excellentissimos Governadores do Reino, de 29 do passado, e afixado n´aquelle mesmo lugar em que o estava ainda a outra do Governo do Posto, que foi arrancado, e rasgado, e depois voltou o Regimento aos seus Quarteis, e continúa a fazer o Serviço da Praça.
Deos guarde a V. S.ª Abrantes 2 de Setembro de 1820. – Illustrissimo Senhor Desembargador do Paço Intendente Geral da Policia da Corte e Reino. – O Juiz de Fora, Joaquim José de Moura (é Morais e não Moura como foi publicado em documentos à época).
SETEMBRO 15: Por “disposições dos Governadores de Lisboa”, após dois dias e duas noites preso no “Castelo” (Lisboa), o General Conde de Rezende, mandou formar o Regimento Nº 10, levou o Tenente Coronel Saavedra á frente do Regimento e disse que estava incluído no perdão, mandou entregar a espada e lhe disse que podia voltar para o seu Regimento (Abrantes)… 
SETEMBRO 18: Com a sua “Divisão Ligeira” a caminho de Tomar, coronel Bernardo Corrêa de Castro e Sepulveda, teve noticia de que também o regimento de infantaria nº 20 se insurreccionara em Abrantes, comandado por um alferes, e se achava na Venda da Serra á espera d’elle para se lhe unir
STEMBRO 19: A partir de Tomar, Sepulveda passa ordem ao coronel do regimento de milícias de Santarem fosse tomar o comando e governo interino da Praça de Abrantes, onde já se tinha levantado o grito revolucionário, e n’ella reunisse ao seu regimento todas as tropas que estivessem na praça e as milícias vizinhas, para segurar, em todo o caso, aquelle ponto importante, e tirar este refugio ao general Victoria, que se encontrava em Castello Branco.
A mesma fonte refere: O pronunciamento e occupação da Praça de Abrantes foram assim um facto mui importante para a causa revolucinaria, por quanto, além de ser um ponto forte adquirido na Extremadura, fechou por aquelle lado as portas ao infeliz general Victoria, que se viu encurralado, sem poder fugir, nem para norte, nem para o sul . Sepulveda mandou marchar o regimento nº 20 para Coimbra, a fim de receber as ordens do governo supremo, e de se unir ao corpo de exercito que este determinasse.
Bernardo Correa de Castro e Sepulveda
-O Bispo de Castelo Branco ordenou a pena de suspensão ao vigário de S. João por ter usado de palavras indecorosas para com os Oficiais do Batalhão de Milícias de Santarém na ocasião em que estes ouviam missa na igreja de S. João.
Referências escritas:
-11 AHM
-AG 26 pg 133/256
-AG 190 pg 21
-AG 225 pg 65/161/228
-AG 231 pg 77/78
-AG 241 pg 60/65
-AG 245 pg 435
-AG 247 pg 238 a 248
-DO93
Plantas Militares da Praça de Abrantes do GEAEM:
-54-1-1-1
-45-1-1-1
-414-1-1-1
-413-1-1-1
-415-1-1-1